Tentámos conhecer um pouco melhor a pessoa que está por detrás do Presidente da Direção através desta entrevista, esperamos que goste!
1. Sr. Carlos, considerando que faz 24 anos que foi fundada a resposta de Centro de Dia da AISA, gostava de saber por que razão um centro de dia?
É verdade que o nosso centro de dia foi fundado em 1997 mas, antes dessa data, aconteceram muitas coisas até aqui chegarmos. Lembro-me perfeitamente de como tudo começou, e de uma série de detalhes e burocracias que muitas pessoas não fazem ideia, mas que tiveram mesmo de acontecer para poder fundar a instituição.
2. Pode partilhar alguns desses “detalhes e burocracias” da época?
Sim, claro. Cheguei a Portugal em 1991, emigrado da Suíça, e na altura soube que havia aqui um grupo de pessoas que já falavam em criar qualquer coisa como um centro de convívio na nossa terra. Já tinham criado uma associação, a A.I.S.A. – Associação de Idosos da Nossa Senhora da Assunção e, nessa sequência, disse que não me importava de organizar as festas da capela da Nossa Senhora da Assunção, como forma de ajudar à construção desse espaço de convívio para os idosos, e assim foi. Comecei a organizar as festas da Malveira da Serra em 1992 e ainda hoje ajudo. Para além das festas que se começaram a fazer todos os anos em agosto, lembro-me de ir à Segurança Social falar com a D. Amélia Robalo para me ajudar a perceber como podíamos dar seguimento à criação desse espaço de convívio de forma organizada. Ela aconselhou-me a adaptar os estatutos da associação que já havia na altura para, um dia, poder haver espaço para se realizar um centro de dia e eventualmente um lar. Acabámos por realizar esses ajustes e começámos a pensar no centro de dia. Para além disso, mantivemos o nome AISA mas, como na altura os estatutos também se alteraram para que a associação pudesse integrar respostas sociais no âmbito da infância e juventude, alterámos o nome para Associação de Apoio Social da Nossa Senhora da Assunção. Mantivemos, no entanto, o nome AISA dado que aqui na terra já se falava muito na “AISA” e não queríamos perder essa identificação, por isso é que, se repararem, o nome atual não tem pontos como nas siglas.
3. Por que razão acha que esse grupo de pessoas sentiu necessidade de criar um centro de convívio na época?
Antes desse grupo falar sobre este espaço de convívio, havia uma assistente social da Junta de Freguesia que organizava encontros com idosos das várias aldeias aqui perto. Ia a uma determinada aldeia a cada dia da semana e reunia as pessoas dessa aldeia. Julgo que o dia em que vinha à Malveira da Serra era a 5ªfeira. Só que estes grupos iam acabar e várias pessoas aqui da terra, tendo em conta o valor que davam para esse espaço de convívio, resolveram juntar-se para pensarem/criarem um espaço mais estruturado para o efeito, e daí a ideia do centro de convívio.
4. E, entretanto, com a organização das festas, conseguiram juntar dinheiro para a construção do centro de dia?
Com a organização das festas conseguimos juntar algum dinheiro que deu para adquirir todo o mobiliário do centro de dia. O restante valor foi cedido pela Câmara Municipal de Cascais. Na altura, fui falar com o Sr. Vereador e tive de lhe pedir ajuda nesse sentido. Sem este tipo de ajudas, não era possível a realização de obras para um espaço como este.
5. E, assim sendo, nasce o centro de dia em 1997…
Sim! Lembro-me como se fosse hoje. Em dezembro de 1995 começou a construção do centro de dia e, dois anos depois, em dezembro de 1997, tínhamos o centro de dia totalmente equipado para receber os utentes. Em janeiro de 1998 iniciaram-se as entrevistas. Na altura eram precisas algumas pessoas para começar… Não muitas, mas estávamos todos a partir do zero, a aprender de raiz como tudo isto se fazia.
6. E ainda temos uma funcionária que está cá desde o primeiro dia, certo?
Sim, é verdade! A Carminda, a nossa cozinheira!
7. Ao ouvi-lo partilhar todas estas experiências que já aconteceram há alguns anos atrás faz-me querer perceber, no seu ponto de vista, que características é que acha que uma pessoa/equipa tem de ter para manter um projeto durante tanto tempo e, ainda por cima, com perspetivas de crescimento, como é o caso da AISA.
Em primeiro lugar tem de se ter muita humildade. Nem sempre as coisas correm da melhor forma e, neste momento, a AISA está com um futuro muito risonho que, em boa parte, também se deve ao Alexandre (Vice-presidente da AISA). Veio para cá e está a fazer um grande trabalho nesse sentido, mas a AISA também já teve uma fase menos boa e, quando assim é, temos de ir à luta e pedir ajuda, não baixar os braços! Para além de humildade, é muito importante haver um conhecimento grande da comunidade em que a instituição está envolvida e nunca esquecer a união das pessoas. É através dessa união que passamos os piores momentos com vista a um futuro melhor.
8. E agora, para terminar, consegue definir a AISA numa única palavra?
Uma palavra?! Uma palavra é difícil… talvez tenha aqui mais do que uma: simplicidade e humanismo. Sim, julgo que estas, para mim, são aquelas que melhor caracterizam a AISA.